SOBRE A

RAÇA SERPENTINA

image

A Raça Serpentina é uma raça autóctone, com origem no Alentejo, sendo esta a região onde ainda actualmente se encontra a grande maioria do efectivo inscrito no livro genealógico. As características mais importantes desta raça são a sua rusticidade que se traduz na resistência, adaptabilidade e capacidade no aproveitamento dos recursos existentes e na dupla aptidão produtiva (carne e leite) que lhe permite fixar e desenvolver de um modo sustentável a actividade pecuária mesmo em zonas marginais

 A utilização da cabra Serpentina, nas suas várias vertentes, assume um importante papel socioeconómico, tanto por estar na origem de produtos tradicionais de características particulares tal como Cabrito do Alentejo IGP, por produzir um leite de qualidade e rendimento queijeiro superior e pelos benefícios agro-ambientais gerados com a preservação da biodiversidade, controlo da biomassa das pastagens, minimizando o risco de incêndio, potenciando outras actividades agro-pecuárias e turísticas. 

Características produtivas

Os dados produtivos expressados pela raça Serpentina, têm que ser enquadrados no seu sistema de produção, onde a potencial expressão genética é francamente limitada pelos factores ambientais. Independentemente da raça os animais em extensivo frequentemente só têm acesso às condições mínimas à sua sobrevivência, não tendo a disponibilidade de expressar o seu potencial produtivo, assim têm produções francamente inferiores aos animais estabulados em regimes intensivos, onde a produtividade é o foco e onde as suas necessidades são satisfeitas.

Características quantitativas
Produção de leite ajustada aos 180 dias de lactação 141.2±69.0 litros
Prolificidade 1.40±0.53 cabritos/parto
Peso ajustado aos 70 dias  10.04±2.06 kg

Fonte: APCRS – Avaliação genética de 2015

 

 

Características qualitativas
Teor butiroso (%) Teor proteico (%)
Média  4,77 3,64
Valor máximo 9,73 8,67

Fonte: Fonseca et al.,1999

Sistema de exploração

O modo de produção comum na raça Serpentina é o sistema agro-pecuário extensivo, tradicional em sequeiro, os animais adultos são mantidos sobre pastoreio directo e são normalmente utilizados na sua dupla aptidão produtiva (carne/leite). 

O que distingue a cabra Serpentina dos demais animais é a sua robustez, adaptabilidade e selectividade que lhe confere a capacidade de ocupar zonas marginais com pastagens naturais pouco produtivas, por vezes com declives acentuados e invadidas por matos, conseguindo eficientemente aproveitar tanto os recursos herbáceos, como os arbustivos e arbóreos ao utilizar toda a sua extensão, ao elevar-se no plano vertical para se alimentar, podendo mesmo encontrar apoios acima do nível do solo para alcançar as zonas mais nutritivas dos recursos arbóreos.

As parições ocorrem em duas épocas; em Setembro/Outubro, para comercialização de cabritos pelo Natal, e Janeiro/Fevereiro, para comercialização de cabritos pela Páscoa. Os cabritos são amamentados pelas mães segundo vários métodos de afilhamento até aos 2/2.5 meses altura em que são comercializados. A ordenha inicia-se no dia seguinte à comercialização dos cabritos nascidos na primeira época (entre o dia 10 e 18 de Dezembro) e prolongando-se até Agosto, realizando-se, diariamente de manhã e à tarde.

Produtos certificados

Designa-se por Cabrito do Alentejo a carcaça/carne proveniente do abate de caprinos inscritos no Livro de Nascimentos, filhos de pai e mãe inscritos no Livro de Registo Zootécnico e/ou Livro Genealógico de Raça Caprina Serpentina, podendo também ser provenientes de emparelhamento terminal em que a linha paterna está inscrita no Livro de Registo Zootécnico e/ou Livro Genealógico de Raça Caprina Serpentina, nascidos, criados e abatidos mediante as regras estabelecidas. As regras de produção, grosso modo, estão de acordo com o maneio praticado ancestralmente no Alentejo.

Distribuição geográfica

Em 2016, estavam inscritos no Livro Genealógico da raça Serpentina, 4598 fêmeas, distribuídos por 44 criadores. A dimensão média dos efectivos serpentinos nos rebanhos onde ocorre a exploração da dupla aptidão (carne/leite) é de cerca de 235 animais. Os rebanhos com um efectivo Serpentino acima dos 50 animais encontram-se exclusivamente no Alentejo.

Tem existido uma expansão dos caprinos da raça serpentina para fora do Alentejo, mas infelizmente por norma são rebanhos de pequena dimensão onde a vertente leiteira da raça ainda não é explorada pelos seus criadores.

Fonte: Ruralbit – Genpro

Origem e história

A raça Serpentina, tal como outras raças, terão a sua origem no resultado do cruzamento de animais provenientes de diversas regiões da Península Ibérica, Norte de Africa e outros (Fonseca, 2015), tal é verificado em vários estudos onde a caracterização genética demonstra uma reduzida diferenciação genética nas raças caprinas ibéricas (Bruno de Sousa, 2006). Esta constatação é facilmente explicada pelas migrações e pela transumância realizada ao longo dos tempos pelos povos ibéricos que levou à miscigenação entre as populações caprinas na península. 

No caso particular da Serpentina, pelos registos existentes e atendendo aos diversos nomes que já foi chamada, nomeadamente de Raiana, Castelhana e Espanhola (Miranda do Vale, 1949; Bettencourt, 1981; Sobral, 1987) é muito provável que inicialmente tenham sido animais, não se sabendo com que grau de homogeneidade, que entraram pela raia alentejana que terão dado origem às primeiras populações. 

Segundo (Fonseca, 2015), um dado que poderá levar a uma reflecção e originar mais estudos é a semelhança que existe entre a raça Serpentina e os “Rayados” da raça Blanca Celtibérica. Esta raça muito antiga, além de partilhar uma morfologia muito idêntica, é tal como a Serpentina considerada como possuidora de uma extraordinária rusticidade. Estes animais são explorados em regime extensivo nas zonas de montanha pobres, em condições climáticas difíceis, sendo que na alimentação está limitada ao obtido na pastagem, só apoiada em situações muito pontuais (FEAGAS, 2015), existindo aqui também semelhanças com o maneio praticado tradicionalmente na raça Serpentina.

Não sendo fácil localizar a região onde se terão formado os primeiros rebanhos Serpentinos, já que existem relatos de mais do que uma localização, acabou por se atribuir à região de Serpa o solar da raça, e é desta região que vem a sua actual designação, Serpentina, posteriormente estes animais irradiaram para o restante Alentejo e algumas regiões limítrofes. 

Até à criação em 1991 do Livro de Registo Zootécnico e do estabelecimento do padrão da raça Serpentina, existia uma grande heterogeneidade morfológica inter e intra rebanhos. Esta diversidade resultou dos critérios pessoais de selecção dos seus proprietários, da composição étnica dos rebanhos, por vezes com pequena proporção de animais do tipo Serpentino e elevado grau de miscigenação e também pela existência de cruzamentos com outros caprinos, ocasionalmente exóticos, na tentativa empírica dos caprinicultores em melhorar as características morfo-funcionais dos seus animais.

Actualmente como resultado do trabalho da APCRS, e do secretário técnico, ao fomentar uma selecção criteriosa dos reprodutores, criou-se uma pressão de homogeneização morfológica, que conduziu a uma muito maior uniformidade em especial nas características étnicas da raça. 

Padrão da raça

  1. Aspecto geral – A raça serpentina define-se como dolicocéfala, eumétrica, de perfil recto, mediolíneo, tipo de constituição robusta e muscular.
  2. Pelagem – branca ou creme. Tem listão preto que, por vezes, se alarga na parte posterior, desde a região sagrada até á cauda, e em alguns casos de forma pronunciada. O ventre é preto assim como a parte interna das orelhas, a face, o focinho e a extremidade dos membros, a partir do joelho e do curvilhão.
  3. A pele é grossa e elástica, com pelo curto e brilhante nas fêmeas, sendo mais espesso e comprido nos machos, sobretudo no dorso.
  4. Cabeça – Grande de tipo dolicocéfala. Fronte larga e bastante convexa. Chanfro rectilíneo. Orelhas grandes semipendentes. Barba nos dois sexos, mas mais reduzida nas fêmeas. Cornos largos e juntos na base, dirigidos para cima e para trás, divergentes nas extremidades e, sensivelmente espiralados.
  5. Pescoço – médio e bem musculado, mais grosso nos machos e com grande desenvolvimento no terço anterior. Brincos, frequentemente, em ambos os sexos.
  6. Tronco – Bem desenvolvido, sendo amplo e profundo, sobretudo nos machos. A cruz é ligeiramente destacada, com a linha dorso lombar quase horizontal. A garupa é curta e descaída. Abdómen não muito volumoso. Cauda curta e ereta, com inserção alta.
  7. Úbere – De tamanho médio, em forma de bolsa com tetos bem diferenciados e de tamanho variado.
  8. Membros – Fortes, compridos, com articulações volumosas e secas. Unhas de tamanho médio, duras, com boa base de apoio.

Entidade gestora do Livro Genealógico

Com vista á conservação da pureza da Raça serpentina, ao seu progresso zootécnico e consequente difusão de bons reprodutores, foi concedida a homologação do Regulamento do Registo Zootécnico da Raça Serpentina em Janeiro de 1991.

Procedeu-se de imediato á inscrição inicial dos animais dos proprietários que se manifestaram interessados.

Posteriormente, com a sua constituição em 1993, a gestão do R.Z., que inicialmente dependia da DGP (Direcção Geral de Pecuária), passou a ser desempenhada pela Associação Portuguesa de Caprinicultores de Raça Serpentina (APCRS).

Desde então, esta Associação tem sido responsável pelo melhoramento e divulgação da Raça Serpentina, bem como pelo apoio aos associados na melhoria da competitividade dos seus produtos. Actualmente o secretário técnico da raça é o Eng.º António Cachatra.

Contactos: 

Morada: APCRS, Rua Diana de Liz, Horta do Bispo, Ap. 194, 7002-503 Évora Telefone / Fax: 266746220, Telemóvel: 934788084/94 e-mail; associacao.serpentina@gmail.com Página de internet: http://www.cabraserpentina.pt/

Fonte: APCRS

FORNECEMOS PRODUTOS DA MAIS ALTA QUALIDADE QUE ATENDEM À SUA EXPECTATIVA